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  • 26 de nov. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 27 de jan. de 2021


Afinal, não matei o Bruno.

Preferi manter o pai do meu filho vivo e a mãe em liberdade.


Minhas amigas maravilhosas se dividiram em escalas para me dar carinho, chás, massagem com lavanda e mc donald´s.

Falamos muito mal do Bruno em conjunto e, depois de muita raiva destilada, decidi prosseguir com esse rapaz que escolhi para criar um filho comigo.


Ainda o odiando bastante, pedi para ele me levar para a acupuntura.

(Vou pedir um milhão de coisas para dar muito trabalho pra ele.)


Eu já tinha ido ao consultório da Maria e já tinha me apaixonado por ela antes.


Acho que ela também me curtiu, porque chegando lá, a primeira coisa que ela me disse foi:


_ Sabe que gestante não pode fazer acupuntura, né? Não deixo elas nem passarem pela porta. Sua sorte é que eu tenho outras especialidades. Vamos fazer Barra de Acces, mas antes me conte o que está acontecendo.


Contei do processo da perda do neném, da nova gravidez, da língua maior que a boca do Bruno, da minha mais absoluta raiva dele e da minha enxaqueca que já durava mais de 48 horas.


Ela me perguntou como eu imaginava matá-lo.


_ Eu me imaginei matando ele na mesma bala do Bolsonaro. E o Bolsonaro era só o brinde. Entende isso? Entende o tamanho do ódio? Pra mim o Bruno era pior que o BOL-SO-NA-RO!


Na minha cabeça, eu dava um tirão na testa do Bruno com uma arma bem potente (que eu teria que pesquisar porque não entendo nada disso). A bala atravessava a cara dele e acertava a do Boçal em seguida.


O povo brasileiro me saudava, enquanto eu justificava:

_Eu queria matar só meu marido mesmo, mas aceito a estátua em minha homenagem. De nada, povo brasileiro!


Aí, a Maria responde:

_Corre pra maca!


.

ANOTAÇÃO:

A Barra de Access é uma coisa maravilhosa! Saí de lá pisando nas nuvens. Leve como quem tomou um tramal na veia.

Façam!


Atualizado: 26 de jan. de 2021


Primeiro preciso dizer que a gente perdeu um bebê em maio.

Foi bem no início da gestação, mas o processo foi tão extenso e intenso que acabou ganhando a primeira posição na minha listinha de traumas.

Depois eu conto melhor o que foi que aconteceu.


Mas por causa dessa história, decidi(mos) não contar para muita gente até completar as tais 12 semanas de segurança.


Depois de curados da Covid, fomos fazer o primeiro ultrassom para ver se o embrião estava com batimentos e estacionado no lugar certinho.

Está tudo perfeito e sou puro alívio depois disso.



Com muita alegria, contamos pra minha família e pra dele e pedimos segredo a todos.


Meus irmãos vieram nos encontrar e abrimos uma (ou duas, ou três...) garrafas de vinho pra comemorar.



Logo dormi, porque nesse momento acumulo o sono da Covid recém curada e do primeiro trimestre de gestação.




Agora preciso dizer que o Bruno, meu marido, é um fotógrafo famosinho e uma verdadeira blogueirinha de Brasília. Tem 30 mil seguidores.


Quando acordei às 6h para fazer uma boquinha (Quando não estou dormindo, estou comendo.), meu whatsapp e meu instagram estavam tomados por mensagens.


Eram dezenas de conhecidos e desconhecidos me dando parabéns, melhores amigas indignadas porque não contei nada, todo tipo de mensagens que eu definitivamente não estava preparada para receber.





Bruno postou no instagram dele e acordou ainda bêbado com tiro, porrada e bomba.


Mandei ele à merda.


Minha mãe defendeu o genrinho amado. Logo, mandei ela também.


Peguei minha bolsinha, saí de casa e agora só penso em como poderia matá-lo.

  • 5 de nov. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 26 de jan. de 2021

A pandemia segue, mas fizemos uma viagem em família acreditando que bastava todos estarem testados pra podermos passar uma semana inteira num universo paralelo covid free.


Grande engano.


Na volta, Bruno começa a se sentir mal. Dor no corpo, dor nos olhos e cãibra na batata da perna. Já no dia seguinte, começam também os meus sintomas.

Aquele cotonete no cérebro maroto e um resultado implacável: REAGENTE para Sars Cov2.


No mesmo dia, um teste de farmácia também positivo, só que pra gravidez.



Grávida e com Covid no mesmo dia.

Nada pode ser normal com a gente.


O foco é cuidar da Covid e depois começar o pré-natal.

Apenas congelei a informação de que tinha um neném crescendo aqui dentro, enquanto eu e Bruno nos revezávamos nas tentativas de cuidar um com outro.



Era difícil me manter acordada, sentia dois sonos acumulados. Eu tinha sono até dormindo.

Febre. Dor do corpo. Medo. Uma vontade de esticar. Uma sensação de ácido lático tomando conta de todo meu organismo. O alongamento sumiu.


Sintomas estranhos. Que doença bizarra.

Um direto no queixo. Tudo, menos uma gripezinha.


E uma reflexão que não saia da minha cabeça: Se Deus existisse, o Bolsonaro tinha morrido.


O ódio tomava conta de mim. Meu fígado só produzia raiva.

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