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Quem são os padrinhos da Tarsila?

Quando ela ainda estava na minha barriga, as pessoas já perguntavam quem seriam os padrinhos da nossa filha. Já digo que a resposta não tão simples.



Acho que desde sempre, a escolha dos padrinhos serve aos adultos e não às crianças. Isso não tem muito sentido pra mim.

O convite de apadrinhamento funciona quase como um certificado de honra.


“Considero que você preenche todos os requisitos para me substituir nessa jornada de cuidar do meu bem mais precioso caso eu morra: meu filho.”


Isso é uma bobagem.

Primeiro porque, se o objetivo é cuidar da criança na sua ausência, quem fica com a guarda de uma criança na falta dos pais são os avós.

Inclusive, ao que me consta, os avós paternos têm prioridade.


Depois, porque, se o objetivo é definir uma referência pra sua cria, só quem estiver presente no dia a dia dela vai de fato ser referência pra ela. Quem tem influência sobre a personalidade de uma criança é quem convive com ela. Isso é certo. Só com muito estímulo dos pais, uma pessoa distante vai se tornar uma inspiração viva na memória da criança.



Claro que há algo de lúdico na figura do padrinho.


Eu lembro de morrer de inveja da minha prima que era afilhada do tio mais incrível de todos. O tio que fazia chuva de bala Chita pras crianças e arrancava gritos animados da plateia mirim: Ti Tunin! Ti Tunin!


Meus pais escolheram os tios mais tradicionais como meus padrinhos. Acabamos tendo pouquíssima convivência já que eles mudaram de estado quando eu ainda era criança.

Então eu não tive aquela coisa mágica de passar uma tarde toda com meus padrinhos. Não me lembro de muitas passagens marcantes com eles. Acho que eles nunca brincaram comigo, me enrolaram na toalha quando eu saí da piscina ou cuidaram de mim de um jeito especial.


Hoje em dia a gente vê muito mais madrinhas (nem digo padrinhos, porque... HOMENS) participando ativamente da criação dos afilhados.


A ideia de ter essa segunda figura maternal dando carinho e atenção pra minha filha é boa. Mas eu prefiro a ideia de ter várias dessa figura aí.


Se é preciso uma tribo inteira pra criar uma criança, eu quero ter todas as pessoas que amam a Tarsila por perto. Cada um do seu jeito e dedicando pra ela o tempo que for possível.


Fazendo bolhas de sabão.

Limpando cocô radioativo.

Escolhendo uma roupinha que a mamãe e o papai jamais escolheriam pra ela usar.

Dando um rolê com ela pra mamãe transar ou, quem sabe, fazer uma máscara de argila.


Eu gosto mesmo é da possibilidade de ter muitos padrinhos compartilhando seu bem mais precioso com a minha filha: seu tempo.


Por isso, decidimos não decidir nada.

Não vamos escolher os padrinhos dela.


Os padrinhos dela são uma mistura entre todo mundo e ninguém.

Ao mesmo tempo, muita gente e nenhuma pessoa.



A nossa vontade é reunir algumas pessoas que admiramos e que gostaríamos que fossem referências positivas pra ela e dizer:

Ceis são tudo padrinho dela até ela dizer se quer escolher um par de padrinhos nesse modelo mais convencional.


Ela pode querer só ganhar uns presentes mais especiais no Natal e escolher quem vai ser obrigado a assistir mil vezes às cambalhotas que ela der.


Ela pode escolher ter isso de um monte de gente ou só de duas pessoas.

A escolha será dela.

Sempre dela.


.


Em tempo, amo meu afilhado. E também morro de culpa por ser tão ausente.

Sorte a minha que a Xanda (minha prima-irmã) já montou logo um comitê de padrinhos pro Lucas! Assim, nunca falta a atenção e o carinho que ele merece.

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