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  • 30 de nov. de 2020
  • 2 min de leitura

Depois do Bruno contar da gravidez pra Deus e o mundo, postei no Instagram, para vencer o ódio do meu marido e conseguir seguir em frente.


O POST

Antes de contar que eu estou grávida (de novo), eu queria contar que perdi um neném em maio.

Acredito que fechar esse ciclo vai ser importante pra eu enfim curtir essa nova loucura.



Dia 02 de maio, descobrimos que estávamos GRÁVIDOS. Vinha aí um filhote de Marx com Budah. O Grande Stuckert. Contamos pra vários amigos pra dar alguma boa notícia no meio dessa quarentena.


Só 6 dias depois, veio um sangramento sem fim. Nem fomos ao hospital. Bola pra frente. Foi a primeira tentativa. NÃO VAI TER NENÉM.


Fizemos a entrega das doações na ocupação do CCBB e voltei com a alma lavada e o coração quentinho.


No dia seguinte era DIA DAS MÃES. E lá se foram um milhão de mensagens não respondidas (perdoem, meus amigos), poucas lágrimas e um coração congelando pra sobreviver.


Depois da consulta com a obstetra, fizemos um novo exame e descobrimos que os hormônios continuavam subindo.


Eu era A GRÁVIDA DE SCHORINDGER. Ao mesmo tempo gestante e não gestante. Descobrimos uma GRAVIDEZ ECTÓPICA. O embrião insistente continuava se desenvolvendo, mas no lugar errado.


Mas não podia ser uma ectópica comum, tinha que ser uma GRAVIDEZ ECTÓPICA CERVICAL. Das mais raras. Das mais loucas. Das mais tristes. (Não procure no Google. É triste mesmo.)


Graças as deusas da natureza, a Cinthia, minha irmã e anja de asa, chegou na história e eu só precisava seguir a voz pragmática e salvadora dela.


No dia 15, fizemos o procedimento mais triste da minha existência. Sem sedação, ouvi as frases mais duras, vindas das bocas mais carinhosas que preservavam a minha vida.


Por sorte, o meu coração já estava uma pedra completa, mas senti ele parando também junto com o dele.


Uma dose de químio e uma semana depois, UM NOVO SANGRAMENTO. Que virou uma hemorragia e acabou levando a uma INTERNAÇÃO e uma transfusão. (DOEM SANGUE NA PANDEMIA!)


Isolados na casa dos meus pais, me alimentaram de feijão com limão, fígado e açaí até a anemia passar.


Passei 6 dias grávida e 3 meses perdendo um neném.


Não me lembro de muita coisa desses dias eternos.


Estava dormente. Um zumbi.

Vazia. Ressecada. Ressentida.


Com o tempo, meu corpo voltou ao estado natural.


Meu coração jamais voltará.

  • 26 de nov. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 27 de jan. de 2021


O inferno de Dante. Um caos hormonal. Uma bosta. Uma merda.

Não compreendo com a civilização continua crescendo.

Eu mesma parei de existir. Minha vontade não é respeitada. Meus traumas são invalidados. Meus desejos individuais são deslegitimados.


À minha volta:

Foda-se o enjoo, sente esse cheirinho de feijão no fogo.

Foda-se o seu paladar, come esse pratinho molhudo e cheio de carne vermelha.


Em meu interior:

Foda-se seu sono, levante às 4h e coma! Coma qualquer coisa. Coma toda hora.

Coma! Mije! Peide! Enjoe! Arrote!


Eu ainda não entendi a parte boa do rolê.

Eu ainda não encontrei a alegria de viver uma gravidez.

A gestação é muito agressiva ao corpo da mulher.

  • 26 de nov. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 27 de jan. de 2021


Afinal, não matei o Bruno.

Preferi manter o pai do meu filho vivo e a mãe em liberdade.


Minhas amigas maravilhosas se dividiram em escalas para me dar carinho, chás, massagem com lavanda e mc donald´s.

Falamos muito mal do Bruno em conjunto e, depois de muita raiva destilada, decidi prosseguir com esse rapaz que escolhi para criar um filho comigo.


Ainda o odiando bastante, pedi para ele me levar para a acupuntura.

(Vou pedir um milhão de coisas para dar muito trabalho pra ele.)


Eu já tinha ido ao consultório da Maria e já tinha me apaixonado por ela antes.


Acho que ela também me curtiu, porque chegando lá, a primeira coisa que ela me disse foi:


_ Sabe que gestante não pode fazer acupuntura, né? Não deixo elas nem passarem pela porta. Sua sorte é que eu tenho outras especialidades. Vamos fazer Barra de Acces, mas antes me conte o que está acontecendo.


Contei do processo da perda do neném, da nova gravidez, da língua maior que a boca do Bruno, da minha mais absoluta raiva dele e da minha enxaqueca que já durava mais de 48 horas.


Ela me perguntou como eu imaginava matá-lo.


_ Eu me imaginei matando ele na mesma bala do Bolsonaro. E o Bolsonaro era só o brinde. Entende isso? Entende o tamanho do ódio? Pra mim o Bruno era pior que o BOL-SO-NA-RO!


Na minha cabeça, eu dava um tirão na testa do Bruno com uma arma bem potente (que eu teria que pesquisar porque não entendo nada disso). A bala atravessava a cara dele e acertava a do Boçal em seguida.


O povo brasileiro me saudava, enquanto eu justificava:

_Eu queria matar só meu marido mesmo, mas aceito a estátua em minha homenagem. De nada, povo brasileiro!


Aí, a Maria responde:

_Corre pra maca!


.

ANOTAÇÃO:

A Barra de Access é uma coisa maravilhosa! Saí de lá pisando nas nuvens. Leve como quem tomou um tramal na veia.

Façam!


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