13 semanas
Atualizado: 18 de jan. de 2021
Eu nunca quis ter filho.
Jamais direi pras minhas amigas que têm a mesma concepção que eu sempre tive as coisas medíocres que eu tive que ouvir.
“Calma. O seu instinto materno vai aflorar mais cedo ou mais tarde”.
Instinto materno de cu é rola. Já faz tempo que saímos das cavernas pra sermos reféns de hormônios e úteros esfomeados.
“O relógio biológico vai tocar.”
Só me falta o papo de Eva e Adão. Relógio biológico é teu cu.
“Quando aparecer o homem certo você vai querer”.
Isso só funciona pra mulheres que querem viver a maternidade não-solo.
Acho que, na verdade, eu sempre fui esse tipo. Com tempo e terapia, entendi e comecei a verbalizar claramente que teria filhos com um cara que eu tivesse compatibilidade absoluta. Alguém que eu acreditasse que exerceria uma paternidade ativa. Que eu quisesse compartilhar a criação e a educação de uma criança nesse mundo louco.
Mas achava mesmo que esse cara nem existia.
A vontade bateu quando conheci o Bruno. Me deu vontade de descobrir como seria um serzinho metade eu, metade ele. O que vai ter de mim nele? O que vai ter dele?
Fiquei curiosa com a jornada louca. Com o tal maior amor do mundo. Com o Bruno pai.
Ele também.
Por isso decidimos nos jogar desse abismo sem paraquedas, com a esperança de criarmos nossas asas.
Não vou dizer pra nenhuma amiga: tenha filhos.
Só posso dizer que nunca vivi nada parecido até agora. E olha que eu já vivi muita coisa nessa vida, viu?
O bagulho é louco.
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